Gorros

Só quis pedir socorro,

Me desgarrar do gorro…

Que oculta o meu cerne.

Ai meu coração de vidro,

Ainda me sinto vestido…

Mesmo desnudando a derme.

Só quis dar socorro,

Lhe desgarrar do forro...

Que oculta o teu cerne.

Ai teu coração de vidro,

Ainda estás de vestido…

Mesmo desnudando a derme.

Ah pobre coitado!

Já entrou derrotado…

Nessa luta.

Pugilista menos cotado,

Sem pai ao lado...

Nem mãe pra xingarem de puta.

Quando a guarda está baixa,

Qualquer soco encaixa…

E derruba.

Ninguém estenderá a mão,

Desse chão…

É quase impossível que suba.

Apostei todas as fichas,

Mas os roxos e rixas…

De outrora,

Faz com que percas agora…

"O depois".

Inanimada tal boneco,

No vale oco sem eco…

Gritei, como gritei,

Mas cada palavra que recheei…

Com minha alma se foi.

Trincou-me cada osso,

A mão que me tirou do poço…

Me empurrou numa cova.

Minha mente néscia,

Clama por doses de amnésia…

Por uma motivação nova.

Até quando essa inquietude,

Há de tirar minha saúde…

E minha paz?

É grande o cansaço,

Apertados grilhões de aço…

Não deixa que a vida diga: Vai!