Desencanto

E agora poesia?

Para onde irei, nos meus momentos de insanidade,

sobre o mórbido fio da navalha,

entre a loucura e a criatividade;

repousarei meus versos.

Diante das estrelas ou sob elas?

Oh! Céu dos meus findos dias,

ouve-me em segredo...

E agora poesia?

A lua é testemunha de meus devaneios,

a brisa; idem

e quantos demônios acompanham-me?

Nas sombras...

Nos estampidos...

Na solidão deste rascunho.

Ouve-me em segredo...

E agora poesia?

Onde sepultarei meu sorriso,

minhas lembranças,

meu último pranto

e nossos gestos de iniqüidade.

Acima de minha cabeça,

nuvens negras relampejam,

num destempero tortuoso de idéias.

Ouve-me em segredo...

Hoje recai sobre meus ombros,

um inflexivo e tenebroso pensamento.

Qual seja, minha incapacidade momentânea.

Vivenciar a morte?

Vivificar a boa sorte!

Reverenciar-me ao amor.

E agora poesia?

Ouve-me em segredo...

Falha a caneta, a mente é falha,

sou humano, vejo ressalvas, tenho medo.

Um riso titubeia...

Um vento sibila assombros...

Perco-me sob o céu cinzento,

não lhe ouço a resposta.

Silêncio... Silêncio... Apenas silêncio.

Sandro Colibri
Enviado por Sandro Colibri em 15/10/2007
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