Cético



Venho pelos caminhos
que falam dos amores,
dos sonhos que embalam a vida,
nas sinfonias escritas,
tocadas em meus ouvidos.
Venho sem margem, nem amigos,
latente nas crenças, mas sem fé no amanhã.
Venho de perto,
lugar deserto,
sem abusos, interiorano,
desconhecendo o oceano,
as rochas, as vagas em sua noite nas areias.
Venho do nada,
sem nada,
também não procuro coisa alguma.
Venho dos amores vistos,
não os tenho,
sou solitude,
vento que varre levemente,
chuva solitária que mansamente
deflora a terra
tantas vezes molhada,
mas, não com tanta ternura.
Sou, venho, vou,
sem buscas, nem procuras,
nem achados.
Sou sem ter sido,
se fui, não importa.
Apenas venho, vou
a qualquer lugar,
sem mistério, apenas eu,
mais um solto na multidão.