Perdidos


Quisera, mas, sem quisera,
eu desejo que tudo exista
como a realidade do sol,
a força do vento,
o frescor da brisa.
Tudo deveria ser real,
ter suas formas palpáveis
como o giro do seu corpo, na dança
que me faz tremer, me balança.
Como chover sem trovões,
a água bater e rolar
enquanto rolamos pelos sonhos
que deveriam ser reais.
Quisera sem ter querido,
que fosse, apenas quisera,
quero mesmo é sol de primavera
para falar de flores, enquanto o tempo,
a vida se esquenta no fomento,
na realização de outras bocas.
Tudo desejei, quis
nas sombras da impotência,
na falta de luta, na busca pelo amanhã,
daí, tirei a razão de ser
da vida, do amor, até dos sonhos.
O sol brilhou, a chuva desceu,
bateu, rolou, e nós não rolamos,
os sonhos sim, rolaram
nas águas sob o brilho do sol,
do sol de outubro, em plena primavera,
feita para as flores,
na decadência dos amores.