O homem a espera do ônibus
Projeto imundo de gente.
Telescópio humano da miséria.
Mexe as penas.
Castra os sonhos.
Um sol nasceu novamente, e seu,
só seu era o abalo cósmico
do silêncio isnóspito, fruto
da tristeza que o criou.
Revira os olhos para cima:
clássico cômico do cinema
que mesmo nesse século é sem
som. É apenas barulho.
Brocas, ossos estalando,
camas rangendo como portas.
E também é o silêncio da beleza.
É um ser que vive apenas
-um número de certidão-
O homem a espera de um motivo.