Crueldade




O erro, o grito, a saudade,
a cruz, a brincadeira, a dor.
O sonho, a volúpia, o beijo,
o despertar, a fé, a luz.
Eis o amor, que veio, marcou,
foi sem vontade,
sem maldade,
sem buscas egoísticas,
sem o apuro das mãos,
sem teto, livre.
Eis o amor, um gole,
uma gota que repousou;
se secou, foi por acaso,
meio comum, um tanto farto.
Mas, foi um amor,
que sem chegar deu seu sinal.
Se tive um raio de luz
não foi visto, foi desavisado
e meio preocupado
lançou-se pelo oposto,
apenas marcas vicejam,
afloram, tonificam a saudade,
Foi o amor
duradouro, sensível no tempo,
cru na realidade, a única,
força positiva que retrata,
decanta e desfaz teorias,
ele não morreu
apenas, apenas, deu um tempo
quase longo para meu gosto
e para as marcas que se fixam,
dormem em meu rosto.