Sem crer no pavor, fizeste a Canção!
Perdido, sonhou-te
O jovem menino,
E o vento pescou
O seu coração!
Brotinho perverso
Que o tempo roubou,
Te segue varando
O açoute da dor!
Tu nada ganhaste
Com este tormento,
Só treva colheste
Com teu falso invento...
Do que te valeu
Beber da mentira
Um suco inundado
Por gosto de fel?
Valeu-te perder
P'ra sempre a pureza,
Pois tu, oh, mulher
Mentiste no amor!
E quanto ao menino
Sonhando aos luares,
Passou, de repente,
Co'a força dos mares!
E nele se esvai...
Ardor ou abismo?
O açoute inconfesso,
Roteiro ou cinismo?!
Das águas d'oceano,
Cãozinho afogado...
Sem crer no pavor
Fizeste a Canção!