Brancas nuvens




Repasso meus pés sobre as folhas, no pátio,
já pisadas, mortas,
talvez saudosas da vida.
Invejo-as pela coragem,
pela queda vertiginosa ao solo.
É o dia a dia que faz em tudo,
nas pequenas coisas
que giram com a esfera,
sem espera,
sem ambições,
sem retalhos ou pedaços
desta vida que marca as margens,
enquanto outros seguem,
invadem trilhas possuídas,
desfrutam em seu egoísmo
a queda daqueles que caem.
Mas o giro não pára;
noite aqui,
dia ali,
o amanhecer é seguro
com seus mistérios,
sortes e frustrações.
Quem vai... Foi;
quem ficou, não viu,
não sorriu,
passou e não viveu,
esquecido de si, de todos
e do próprio existir.