Portento






Muitas coisas hão de ficar
de algum modo em sua vida.
Talvez, imagens minhas, palavras,
versos que não foram queimados,
já amarelos pelo tempo
que um dia foi meu,
hoje somente seu,
em suas buscas, procuras,
questionando o presente
no passado inexistente,
aparado apenas pela lembrança
que fez de mim,
um pedaço da sua vida,
que nunca se apagará.
Hei de sobreviver a tudo.
A saudade brilhará em seus olhos
que leem, aos tremores das mãos,
tudo quanto mancha nas páginas.
Sou feliz, imensamente glorioso
por furtar-me a este momento,
podendo legar a todos, saudade,
não do que fui,
mas do portento que me fizeram.