O SONHO DE ABRIL (Complemento)

O CAPITÃO INJUSTIÇADO

«À memória de Salgueiro Maia»

Ó tu, digníssimo e nobre Capitão,

Salgueiro Maia, tens nome de história

Na arca firme da popular memória

E na alma dos filhos da Nação.

Se fosse vivo o poeta de eleição,

Em testemunho da lídima vitória,

Uma Epopeia cantaria em glória

Aos altos feitos da tua decisão.

A ti te deve a Pátria justos louros,

P´ lo teu ideal e por tua valentia

Que abriu as sendas da democracia

Cimentando valores imorredouros…

Mas, ó destino trágico e notório,

Foram por sorte os tristes maiorais

Que da alma negra exibem os sinais

Que maltrataram o teu sonho inglório…

Voa, ó Capitão, mas sem galardão,

Como o poeta e o Cônsul, eis teu fado,

Voa, sim – como um herói injustiçado –

Quem sabe, até ao céu de um Panteão!

Frassino Machado

In A MUSA VIAJANTE

*

QUO VADIS ABRIL?

Depois de tantas ruins encruzilhadas

Depois de um louco sonho primaveril

Depois das duras lutas incendiadas

Onde estás tu, atque quo vadis Abril?

Depois das vãs promessas apostadas

Depois de um juramento tão viril

Depois de tantas leis espezinhadas

Onde estás tu, atque quo vadis Abril?

Tantos sonhos testados e favores,

Tantas fianças e paixões sentidas

P´ ra tudo se perder em desamores…

Já foram várias décadas vencidas

Ao sabor de marés multicolores

Com brisa de feições desvanecidas…

Ó Abril, quem te viu e quem te vê,

Ó Lusa Pátria, quem fartou de horrores

A tua Alma, que nem sabe PORQUÊ?

Frassino Machado

In NOVO MONTE ALVERNE

***

Lisboa 28 de Abril de 2020

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 28/04/2020
Reeditado em 01/05/2020
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