Rapha Marcelino - Aceitar dos Outros
Eu fui roubado
Por quem teve o chão importado por mim,
Nunca leram os olhos
Que eu chorei como se fosse alérgico.
Dei as vossas balas ao corpo...
Julguei o gatilho visível,
Já o tinham disparado.
O vosso ânimo é ineficaz,
Não me deixam ser um com ele.
Pois é correr sempre atrás,
Ou fugir de um pesadelo.
Pois ardi a cada vez,
Em vez de me apagar aos poucos.
Eu sempre inchei por vocês,
E se mataram porquês
Como é que irei aceitar dos outros?
Eles quebram um laço se estás agarrado a ele,
Roubam toda a vitória que julgavas ter crescido.
Eles têm a carne,
Eu tenho a vida que resta,
Vem tudo isto de um peito
Que apanha a dor de trás por dentro.
Está tudo bem,
Vou jurar que não vos conheço,
Se o que tenho é roubado
Eu fico aqui
Até virar Faraó.
Ao menos fiquem numa cara,
Ou revelem as caras iguais.
Gema que tiram da clara,
No fim és só mais uma a mais.
E só me deram o leito,
Pedes que os que os encare aos poucos?
O mundo já me foi perfeito,
Se vivo para dar jeito,
Diz-me o que é que vou aceitar dos outros.
Eles não vão chegar a mim,
E eu não vou voltar p'ra eles.
E deixar-vos-ei em paz,
Para ter uma paz aos poucos.
Hoje os olhos estão atrás,
Vocês são o mesmo cabaz,
E eu nunca irei aceitar dos outros.
Isto vem de mim,
E eu não vou aceitar dos outros.