Senhor
 
Hei de te dizer adeus, pelas tantas coisas erradas no mundo.
Hás de me dizer adeus, por tantas coisas vazias e incertas.
Pelo grito aflito da humanidade, a busca total da sobrevivência.
Pela criança que num lampejo de ingenuidade se envereda pelas trilhas do vício.
Pelos homens em fúria, em busca do poder, fabricando guerras, miséria e fome, usando como matéria prima seu semelhante.
Hei de te dizer adeus!
Hás também eu sei, de me dizer adeus, pela ausência da fé e a incredulidade no amanhã, pelo não cultivo das flores.
Pela invalidade da palavra, na crescente desordem material, onde quem tem, descarrega seu lixo sobre o teto desprovido, sobre a esperança daqueles que nada possuem.
Hás de me dizer adeus Senhor!... também hei de te dizer adeus, sentindo pela humanidade um grande pavor.