Interlúdio
Fale-me de nossa notoriedade,
Pergunte-se sê não temos nada a repor,
Saiba que rugas são marcas da idade,
Mas cicatrizes são marcas da dor...
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Nossos corações eram semelhantes,
E tinha em si, um sentimento análogo,
Onde o amor deveria estar sempre presente,
E não somente nos versos que lhe trago...
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É muito confuso esperar o fim do mundo,
Não sei sê eu deveria tentar lhe explicar,
Pois são como pesos que nos levam ao fundo,
E põem em nós mais duvidas a multiplicar...
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Sei que ainda tens nos olhos, o brilho,
Aquele mesmo que um dia me encantou,
Mas a tua cabeça repousa no dormente do trilho,
Esperando por um trem que já passou...
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Não tente ler o futuro em minhas mãos,
Nelas escondem a minha sina de desamor,
Desconsidere minhas palavras, quando te falar em vão,
Às vezes sou vazia, como fruta sem sabor...
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Sou como o som desprendido deste interlúdio,
Ecôo grave neste acústico de paredes brancas,
Já fui tua rainha, mas deposta por perjúrio,
Hoje choro, resumido nestas palavras francas...
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Desta natureza somos filhos estranhos,
Frutos que algum deus grego gerou,
Somos anjos profanos de olhos castanhos,
O começo de algo que já terminou...
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É como o sol, em um melancólico final de tarde,
Mas um dia acabou, a noite fascinante nasceu,
Saiba que esta ferida sem corte ainda arde,
Posto que assim, foi que nosso amor morreu...