DESOLAÇÃO
Despe-se o sol, da dedi-rósea aurora
Tudo se cobre, tudo se agasalha...
Ouve-se no céu, o soluçar da flora
Tapa-se tudo em panos de mortalha
Ai! que a natura chora amofinada
Como gargalha a pobre endoidecida
Como suspira soluçando a fada!
Ai! Que tristeza rola por aí caída...
Árvores secas, folhas penduradas
Vagas lembranças de eras tumulares,
Gotas de orvalho límpido, agarradas
Nos galhos de figueiras seculares
Tudo perdeu-se nesta sombra fria
Nada se encontra na penumbra morta
Quedam-se as folhas já sem alegria
O galho morre e a soluçar entorta...
Ilusão! Densa Nuvem de fumaça.
Que se desfaz ao sopro do destino
Emudece noss’alma essa mordaça
Que nos sufoca em tolo desatino...
(Rio Grande-RS, julho de 1944)