DESOLAÇÃO

Despe-se o sol, da dedi-rósea aurora

Tudo se cobre, tudo se agasalha...

Ouve-se no céu, o soluçar da flora

Tapa-se tudo em panos de mortalha

Ai! que a natura chora amofinada

Como gargalha a pobre endoidecida

Como suspira soluçando a fada!

Ai! Que tristeza rola por aí caída...

Árvores secas, folhas penduradas

Vagas lembranças de eras tumulares,

Gotas de orvalho límpido, agarradas

Nos galhos de figueiras seculares

Tudo perdeu-se nesta sombra fria

Nada se encontra na penumbra morta

Quedam-se as folhas já sem alegria

O galho morre e a soluçar entorta...

Ilusão! Densa Nuvem de fumaça.

Que se desfaz ao sopro do destino

Emudece noss’alma essa mordaça

Que nos sufoca em tolo desatino...

(Rio Grande-RS, julho de 1944)

Attilio dos Santos Oliveira
Enviado por Attilio dos Santos Oliveira em 23/03/2020
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