VIVEMOS COMO PODEMOS
VIVEMOS COMO PODEMOS
A balança é injusta só pesa no lado dos pobres.
Os teu dias são contados antes mesmo que você nasça.
Não adianta reclamar, cedo ou tarde, tu sofres.
A vida é uma chuva que passa, e o teu guarda-chuva está furado.
É verdade que para uns poucos tudo é delícia.
As coisas andam; o bem acontece.
Não tem aranha que o mal tece.
Nem a danada malícia.
A realidade é desigual.
Tudo é diferente.
Existe mulher bonita e mulher sem dente.
E a tua sorte depende da moeda, do real.
Os homens criaram prisões.
Mesmo os que moram em mansões não são livres o bastante.
A felicidade é só um instante.
Estão escravizados os corações.
O dinheiro é de papel; é uma fantasia que alegra e assusta o viajante.
Os dedos são mais importantes que o anel.
Contudo, os cortam e levam o ouro.
Tudo vale na caça ao tesouro.
Mas a morte é chama que a todos consome.
Ninguém escapa dela nem mesmo o pobre infante.
Agora, sem demora, corre rápido. Quem sabe não te deixem para trás.
O açúcar é para poucos; e o azedo é a essência que te faz.
Viver é bom, eu insisto. No entanto, admito: O mundo é injusto.
Não há equilíbrio na terra. Viver é um susto.
Mas apesar de tudo caminhamos na beira da praia.
Sentimos o calor do sol.
Beijamos tua boca doce.
Vivemos como podemos.