SOLIDÃO
Solidão é aquilo que muito entristece,
Só é noite, o dia quase não amanhece;
É um enregelar da longa madrugada
Quando raro canta a passarada.
É momento que achaca e corrói,
Quem vê pouco neca se condói.
O que se erguia já não se constrói,
Sonho de outrora que só se destrói.
É sentir que a ocasião passou
E quase nada ou pouco restou,
Porque podia ficar e não ficou
Pela jura que cedo se alquebrou.
Solidão rima um tanto com desilusão.
É não mais ter o leve toque da mão,
E Passar pelo tempo a escutar “não”,
Ouvir o vento sem lhe saber a direção.
É ausência de um abraço apertado,
Um semblante assaz emburrado,
O beijo que não pode ser roubado.
Um olhar atrapalhado, desenganado.
É estar cativo ao que não se queria,
De manhã, de tarde ou de noite,
O dia todo ou durante o dia!
Solidão, tudo de bom ou até ruim,
Sempre a imaginar que a vida é assim.