Imagine você
Não costumava olhar pro nada
e projetar a nossa vida.
Imagine você, minha surpresa
quando me vi abalada, cansada,
Na sua frente, em alma nua,
escancarada e dividida.
Não sentia esperança em nós
mas vê-lo sumir, desaparecer...
Gritei sem retorno de voz.
No silêncio de uma multidão.
E depois de muito perecer, num sertão;
abrigo de nossas memórias
Vi o vento lhe levar
Só não vi o vento virar
E te trazer de volta, sorrateiro,
lobo em pele de cordeiro:
voltei a escrever.
Eu pateta ou eu poeta
Já não sei
A contragosto, posso dizer que me doei
Dor, eu ei
de lhe conceber um final
Não é descaso, é descanso
Desse viver penoso
Desse coração marginal.