Imagine você

Não costumava olhar pro nada

e projetar a nossa vida.

Imagine você, minha surpresa

quando me vi abalada, cansada,

Na sua frente, em alma nua,

escancarada e dividida.

Não sentia esperança em nós

mas vê-lo sumir, desaparecer...

Gritei sem retorno de voz.

No silêncio de uma multidão.

E depois de muito perecer, num sertão;

abrigo de nossas memórias

Vi o vento lhe levar

Só não vi o vento virar

E te trazer de volta, sorrateiro,

lobo em pele de cordeiro:

voltei a escrever.

Eu pateta ou eu poeta

Já não sei

A contragosto, posso dizer que me doei

Dor, eu ei

de lhe conceber um final

Não é descaso, é descanso

Desse viver penoso

Desse coração marginal.

Bárbara C
Enviado por Bárbara C em 29/02/2020
Reeditado em 01/03/2020
Código do texto: T6876838
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