EXISTÊNCIA E VACUIDADE
A existência, na sua crueza e imanência,
Produz certamente uma sensação
De vacuidade interior quase insuportável,
Pois nem os vícios, nem os fugazes prazeres,
Nem as satisfações sexuais mais voluptuosas
São capazes de preencherem
Tamanha negatividade de espírito
Para quem ainda é atormentado pela sua consciência.
Viver entre abismos e a escuridão da mera existência
É estar confinado no horizonte
Da desilusão e da fatalidade,
Onde só o grito fulminante da angústia
E os ímpetos incessantes da revolta
Podem aliviar o fardo do ser.
Existir por existir é se deparar a todo momento
Com a ausência de um suprassentido à vida.
Existir por existir é ter que enfrentar o desafio
De sentir o frio de um vazio
Incomensurável nos meandros do coração,
Restando apenas a coragem heróica de alguém
Que está constantemente imerso
Na luta com um mundo
De fatalidades e tragédias irremediáveis
É a existência um drama onde a consciência do absurdo
E da falta de coerência das coisas da vida
Dão a evidência amarga do panorama sombrio
Desse teatro do absurdo chamado modernidade.