O ÚLTIMO POEMA
Como poderia o poeta voltar a amar, quando seu coração fora brutalmente arrancado do seu peito? Como pode o poeta voltar a escrever, se sua fonte de expiração lhe foi negada a beber? Que rimas fará um poeta, se os versos lhe foram tirados?
A música que antes podia ser ouvida flutuando no ar da noite, já não emite nenhum som.
O rouxinol que habitava à velha laranjeira, e que por tantas noites fez companhia ao poeta, também o abandonou;
A lua já não o visita como antes
- Onde estás ó lua? - Murmura o poeta rangendo os dentes, ajoelhando - se, enquanto fecha os punhos e soca o chão. - Por que me negaste o teu brilho prateado que outrora tocava-me como carícias?
Ó moça luar, onde estiver, não te esqueças deste triste poeta, a quem por muito tempo tu eras uma fonte inexaurível de rimas e versos!
Quando acordares deste profundo sono, procure-me, abrace-me, beije-me! Faça isso como se com sede estivesse, pois com sede de ti estou, e com essa mesma sede irei te encontrar.