Sobre dor
Alguém tinha que ter me avisado que doía tanto.
Que a dor era lancinante ao ponto de me enlouquecer.
Preciso de algo que me entorpeça e me leve pra longe.
O pretérito é algo imutável, por isso me apego a ele tão desesperadamente.
Mudança não és bem vida, retire-se eu imploro.
Oh Senhor Pretérito apodere-se de mim e impeça mudanças.
Acho que não li algum manual.
Que explique essa dor que não sei de onde vem.
Essa dor que vem sem razão.
Como posso não ceder?
Se alguém tivesse me permitido aprender como lidar.
Mas não fui impedida de me preparar para essa dor.
Sem registro, sem motivo, sem cura.
E agora perdida nela, como posso não ceder?
Como posso ser alguém melhor?
Como posso ser menos do que somente dor e pânico?
Imploro que me dê respostas que me convençam que a dor tem cura.
Por que ninguém avisa sobre como viver pode machucar?
Por que não avisam que os seres humanos são ruins?
Como não avisam que o amor é relativo.
Como puderam não alertar que:
Sim você pode gostar de alguém, você pode até ama-lo,
Mas esse alguém pode não sentir nada, ele não tem obrigação com você.
Então como podemos viver sabendo que a dor existiu e pode matar?
No meio de toda essa dor, morre se aos poucos, cada dia um pouco mais.
Cada vez que um pouco de você se perde a dor fica mais palpável.
E assim continuamos a nos perder cada dia mais, e perder-se mais para a dor.