OS BALÕES DE ÁLVARO
imerso no passo
na rua do abismo lateral
cigarro empunhado
pra disfarçar o corpo desajeitado
pelo menos algo para segurar
me descubro aos anos
me cubro noutros
nesse descubrio
descobri que conheço ninguém
meus parentes são estranhos
meus amigos me estranham
eu fujo
escondo-me em minhas entranhas
o chão da caverna é mais confortável
como num tiro ao Álvaro
novamente sou acertado com a dúvida
puta
se deita comigo sem permissão
me bate à cara
cinco dedos estendidos
"PRA QUE PORRA SERVE ESTA VIDA?"
eu não sei responder...
aquieto-me e acaixoto-me
uma caixa de surpresas indigestas
um presente que não se presenteia
...noite pálida.
sem gozo, nem nada.
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