QUANDO HOUVER APENAS LEMBRANÇAS
Hoje, ah! O que faço hoje senão recordar?
Recordo o deslumbre de certo momento
Vivido lá na minha terna primavera: A luz
Delirava, apressava um vago aviso de tarde.
Recordo-me que, era tal e tanto que embaçava
De um dourado fascinante a amplidão.
Nós víamos tudo longe num halo que extremava
E afastava... Amanhã quando a luz do mundo
Apagar em meus olhos certamente não existirá
Mais recordações, e velhos amigos nem se dão
A imaginar-se que meu corpo ainda estrebucha
No sepulcro coberto com flores murchas
_ Uma ou outras deixadas pelos mais afetuosos.
Com certeza não haverá sobre meu túmulo choro e velas,
Até porque eu os dispenso. As considerações
Eu as almejo somente enquanto eu pestanejar.