QUANDO HOUVER APENAS LEMBRANÇAS

Hoje, ah! O que faço hoje senão recordar?

Recordo o deslumbre de certo momento

Vivido lá na minha terna primavera: A luz

Delirava, apressava um vago aviso de tarde.

Recordo-me que, era tal e tanto que embaçava

De um dourado fascinante a amplidão.

Nós víamos tudo longe num halo que extremava

E afastava... Amanhã quando a luz do mundo

Apagar em meus olhos certamente não existirá

Mais recordações, e velhos amigos nem se dão

A imaginar-se que meu corpo ainda estrebucha

No sepulcro coberto com flores murchas

_ Uma ou outras deixadas pelos mais afetuosos.

Com certeza não haverá sobre meu túmulo choro e velas,

Até porque eu os dispenso. As considerações

Eu as almejo somente enquanto eu pestanejar.

VALDA FOGAÇA
Enviado por VALDA FOGAÇA em 06/01/2020
Reeditado em 25/05/2023
Código do texto: T6835294
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