Apesar de você...
Apesar de você, não temo que um novo amor me invada. Afinal, o que seria de um escritor sem novos enredos?
Não nos amamos como deveríamos, mas nos entregamos verdadeiramente.
As várias inveracidades não puderam conter aquela chama. Chama que ainda se alastra, implacavelmente.
Não lamento o teórico "fim". Porém, as raízes da esperança ainda são acalentadas.
A noite chegou, impiedosa. Arquitetei frases para confrontá-lo em uma tentativa inútil de conter o desejo. Tentei mutilar as lembranças, mas a memória é imperecível.
Apesar de você... ainda ouço aquela velha música. Ainda tomo o café entre o forte e quase amargo, era o seu preferido.
Apesar de você... ainda amo as rosas, principalmente aquela que tu me deste a primeira vez que nos encontramos. O tempo fez com que ela se degradasse; o perfume levemente adocicado, se esvaiu. O aroma dela se tornou deficiente. Mas a história, ah, a história...
Pretendo dizimar os nossos mais periféricos momentos.
Se porventura nos encontrarmos novamente em algum outro capítulo da vida, simplesmente me abrace, porque, apesar de você...