FIGURAS
Num único momento
De infinito significado,
Eu penso em tudo
Que se passa à minha volta,
E tenho ganas, desejos, volúpias, impulsos
De soltar um grito
Maior que todo o mundo
Num ato
De desespero extremo.
Uma pergunta paira
Nos meus lábios cerrados,
Descendo pela garganta congesta,
Saindo pelos ouvidos viciados,
Expandindo-se pelo corpo entorpecido:
O que faço aqui esperando
Pela morte certa, pois eu sei
Que como todos eu sou
Um condenado e nada mais.
Condenado sim, ao extermínio,
Ao fim inevitável,
A ser mais um nome
Numa lápide fria
De um cemitério de interior.