ABISMO
O mundo abriu entre nós algo esquisito
Um buraco negro, profundo, infinito
Que fez nossa felicidade debandar.
Foram momentos de incompreensão e insensatez,
Ciúmes loucos, desvarios, estupidez,
Renhidas discussões, abandono, penar...
Nossas vidas brutalmente separadas
Fragmentando sonhos, conquistas irrealizadas:
Meros desejos morrinhentos;
Nossa casa atirada ao léu
Transformou-se no roto mausoléu:
Paraíso de animais peçonhentos.
Nossa cama outrora magistral
Palco de loucura surreal
Acolhe a sujeira do tempo;
Nossa sala de estar, nossa rede
Não percebem que nossos rostos na parede
Ainda riem sem sofrimento.
Distantes, buscando novas emoções
Ignoramos que nossos corações
Foram traídos pelo egoismo;
Heterogêneos como céu e inferno
Nunca mais nosso amor será eterno
Porque entre nós há um abismo.