Horrífera Ecnefia
Horrífera ecnefia e flores de lágrimas cobertas
Finíssima madeira untada com verniz francês
Tudo tão ocasional e tão sofisticado
Para ser visto pela última vez
Malditas notas capazes de despir minha tristeza
E contemporizar meus célebres ídolos mórbidos e celestiais
Almas veladas pelo abismo dessa corte de mentiras
E apagadas pelas soberbas torturas lacrimais
E tudo se faz mórficos e magnificência de ébanos sociais
Vida de luxúria e devastação
Consumismo e deploração
Pulsando com a mente em tempos gastos
Pensando com sentimentos o coração
Oh, malditas notas que me envergonham ao ócio do incapaz
Em minhas teclas e cordas com dores em velas acabadas
Tudo como vinhos tintos dessas veias mortais
E tudo em prantos negros agora se faz
Nós devoramos nossos antepassados
A cada diária alimentação
Retiramos da terra os que foram enterrados
E excretamos de novo tudo pelo chão
E toda matéria se renova
Da terra crescemos destruindo
Pela terra seremos destruídos
E devorados seremos destituídos
Almas festivas dessas palavras lançados ao túmulo
Tudo em lúgubres vestes de réquiem se desfaz
Agora e o sempre. O hoje, o ontem e o nunca mais
Até tardar minhas histórias criadas no amanhã vermelho
Tudo como toques de lágrimas perdidas em prantos eternais
Horrífera ecnefia desta festa final
Cantigas lúgubres desses coros celestiais
Perdidas e embebidas nos fins dos sinais
O hoje, o sempre e o nunca mais.