ESSENCIA DA INFANCIA

Eu imaginei, quando criança, que nada passaria...

Parece que na atmosfera toda ao meu redor, havia,

Uma espécie de redoma protetora e o tempo, parava!

Não sabia, na inocência, que o destino, decepcionava,

E com uma ilusão eterna, me cobria, o meu Senhor...

Para me proteger, na infância, da agonia, do desamor!

Nunca pensei na vida, me separar dos meus amigos...

Éramos todos irmãos, ligados mesmo pelos umbigos!

Fazíamos promessas de uns aos outros, nunca deixar...

Dizíamos: Ficaremos sempre juntos, custe o que custar!

Eram as mesmas fantasias, corríamos na mesma direção,

E nas tristezas, em todos vinha aquela vil dor no coração!

Imagine, pensava, se vou ficar longe desse tempo e lugar!

Meus amados amiguinhos, sem ver de quê, aqui largar...

Repreendia meu próprio coração se assim ele pensasse!

Não admitia que essa hipótese por ele ao menos passasse!

Esquece-los, nunca! E o amor ao meu pedaço de chão?!

Não, não, não! Mil vezes, eu gritava e dizia, isso não, não!

Velozmente o tempo se passou e com ele, minha inocência!

Veio o tempo da desmama, vida séria, é uma dura ciência...

E eu fui... Plantando lágrimas, como quem enterra as vidas,

Com todas as lindas promessas antes feitas... Esquecidas!

Deixando pra trás o quadro negro, rabiscado com os planos,

E os nomes dos meus amigos que levaria na vida, pelos anos!

Alguns já partiram para o além, ficou apenas a lembrança...

Meu querido Edvar, como esquecer aquele olhar de confiança?!

Outros estão lá... Olivan, Ocean, Renato, Etim, Lauro, Adão,

Chico, Laércio, César, Apolinário, e meu amigo Bete cabeção!!

Fôfô, Holanda, Edilson, Abimael, Zé Wilson, Batista e Laudemir,

Nazareno, Zé caburé, Ico, Ribamar, Francisco, e o grande Mimi!

Talvez a mente não ajude muito e esqueça algum da matinha...

Mas não eram só amigos homens que naquele tempo eu tinha!

Mazé, Conceição, Howse, Essôny, Egídinha, Regina e Dinancy,

Rosilda, Petronília, Socorro Holanda e a linda Norma Suely!

Edna, Kátia e a Solange, Maurícia, minha adolescente paixão!

Iolanda, Valdélia, Zélia, Marinalva, Eva, Verônica... Oh, coração!

A essência da infância é essa simplicidade, essa efêmera ilusão,

De não perceber que essa fase é tão somente a primeira estação!

Daí a gente vai, bem depressa, apenas sonhando com o passado,

E um futuro exterminador de memórias... Cada vez mais cansado!

Procura explicação por desembarcar na estação que não escolheu...

Ouve conselhos... “Vive o presente, não vês, o passado já morreu!!”

Hoje, vivendo em exílio [in]voluntário, lembro nitidamente,

Cada pedacinho dos meus idos dias de menino e lentamente,

As lágrimas no rosto vão caindo... Por que a vida há de ser assim

Tão triste? Por que resiste esse sentimento cruel dentro de mim?

Cada espaço vazio do peito, cabe uma estrela no meu céu escuro,

E essa solidão que insiste em me ferir e interferir no meu futuro!

Nas lágrimas plantadas em árido solo, nasceram só desesperanças,

Agora, ainda choro e sinto pena quando vejo brincando as crianças!

Da mesma forma que eu fazia... Abraçadas, jurando sempre amizade,

Sem separações! Pobres almas, o destino lhes roubará a simplicidade!

Aquelas cenas se repetem mil vezes em minha mente, sinto os cheiros

Da terra, Rio Parnaíba, mercado velho, dos cabritos... Dos chiqueiros!

Distante da minha terra e dos meus amigos, trouxe apenas essa visão,

Que me distrai da realidade... Nesta minha antepenúltima estação!

Posso não ser requintado, ante tudo que descrevo... Mas vivi e sorrio...

Procuro equilibrar pranto e alegria, de pensamento ruim, me desvio!

O melhor do homem é o perdão, não guardo ódio, mágoas ou rancor,

Por que na sua essência, o ser humano é feito só, de puríssimo amor.

Aqui, hoje, 26.12.2013

11h44min [Manhã]

Estilo: Poema em Sextilha com rimas livres