Despedida

Acho que você me odeia

E tem todo motivo

A gente colhe o que semeia

E eu fui um desperdício

Desperdicei seu dia

A sua energia

Te infectei de poesia

Fui uma péssima companhia

Desculpe por tanta fraqueza

Essa minha pobreza

Não aguento tanta incerteza

Eu sei que é da sua natureza

Me sinto esgotado

Esse apego pelo passado

Esse desejo todo errado

Essa loucura de apaixonado

Não dá pra viver assim

Viver por você sem pensar em mim

Ser tóxico pra você, ser tão ruim

E saber que não me resta nada no fim

Tudo isso me tira o sossego

Me afeta em casa, no emprego

Pra ser mais um presente de grego

Não quero ser outro Diego

E esse medo de você voltar pra ele

Essa magia que eu não tenho e você enxerga nele

E sempre que você me repele

Parece confirmar que seu coração ainda é dele.

Eu não aguento, queria que fossemos nós

Mas até nos nossos momentos a sós

Você parece ouvir outra voz

E meu coração fica feroz.

E o fato de você me negar

Dele ter te confrontado e você não falar

E de eu ter que aceitar

Tantas maneiras de me humilhar.

“Para ele não sair por cima” que bela desculpa

Mais pra deixar uma porta aberta

Pra voltar pra ele sem culpa

Quando a próxima saudade te aperta

Nada disso é justo

Eu quero você, mas não a qualquer custo

Você imagina o que isso faz com minha mente

Me sinto cada dia, mais e mais doente

Vivendo no meu próprio inferno astral

Tudo pra você é sonho, nada é real

E quando parece que mudou, tudo continua igual

No fim das contas eu sempre termino mal.

Eu sei que é a sua jornada

Nessa caminhada eu queria andar de mão dada

Mas nenhum de nós dois sabe o caminho

E acho que você vai passar na frente e me deixar sozinho.

Eu nunca soube te agradar

É tão difícil acertar

Já te dei tudo o que eu podia dar

E nada disso fez você me amar.

O problema deve ser o que eu sou

Esse fio de navalha onde estou

Esse coração que ainda não parou

Essa dor que não mudou

É sempre uma covardia te bloquear

Mas não consigo me acalmar

Sabendo que vai me ignorar

Que o que está dentro de você vai acabar.

Não vou esperar o dia chegar

Em que você vai me detestar

Em que vai me desprezar

Em que vai me abandonar

Eu não quero sentir o seu ódio

A falta de amor já dói demais

Não preciso ver o próximo episódio

Nessa novela, todos eles são iguais

Dessa vez é pra valer

Vou sufocar esse querer

Não vou mais te ver

Vou aprender a ficar sem você

E prometo que a partir desse dia

Eu mato esse poeta insano

Esse piano, esse engano, esse baiano

Essa é minha última poesia

Vou me libertar dessa agonia

E até essa é sua

Desde que te conheci, todas elas foram pra ti

Sentimento temperado em carne crua

Foi com elas que eu te ganhei, foi com elas que eu te perdi

Eu achava que era um dom escrever

É minha maneira mais cômoda de sofrer

Minha privação de viver

Chorar pelo que nunca vou ter

Eu quero que você fique bem

Que conquiste o que ainda não tem

Que deixe de ser um refém

Que ache um melhor alguém.

Que dona Mônica melhore

Que se irmão fique em paz

Que sua primavera não demore

Que você perceba do que é capaz

Que você deseje sempre muito mais

Que se liberte do que é fugaz

Que encontre o que te satisfaz

Que respire a alegria que o vento traz

Sinto que já vivi tudo que dava pra viver

Já disse tudo o que dava pra dizer

Fiz tudo o que dava pra fazer

Agora só resta a nós dois esquecer.

Gabriell Araujo
Enviado por Gabriell Araujo em 06/12/2019
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