O rio
Um rio atravessa o sol,
a casa, prescruta os rins,
põe feixes de ouro na prata dos cabelos.
Um rio cerca o berço,
abraça essa ilha de silêncio,
prenhe de secretas canções.
Dois lagos, nossos olhos
despedem as lembranças, essas aves migratórias.
Lucidez de meio dia já se foi.
Agora, essa chuvinha dormideira cochila na eira
e escorrega lentamente no chão.
O rio, o rio que hoje passa, passa ao lado e se perde no mar. Leva a casa, os cabelos  o brilho d'olhar.
Na janela uma cortina acena...
          Acena...
Mas o rio do tempo se faz tarde e longe.

Cultivemos nossos peixes de aquário. Façamos flores de ilusão.