DESEMPREGADO

Caminhando sozinho por entre a multidão,

Pensando tristonho como arranjar um patrão

Nesta cidade imensa, longe do torrão natal;

Em cada lugar a pergunta é peculiar:

Tem diploma, sabe computador, vender ou comprar?

Ai de mim! Leio pouco, escrevo mal...

Vejo em cada rosto das pessoas que por mim passam

Expressões alegres, vitoriosas, que contrastam

Com a minha miséria, a minha falta de fé...

Elas, andando tranqüilas pelo calçadão enfeitado

Não percebem que eu estou faminto e cansado

Necessitando de um "tostão" para um pão ou café.

Paro um instante, sento no banco da praça

Para conter com a tontura que desgraça

A minha honra, a minha alegria de viver...

Sem dormir à noite, saí de casa de madrugada

Deixando doze filhos e uma mulher maltratada

Esperando qualquer coisa para comer.

Já é meio dia, não sei o que fazer.

Ninguém me dá um emprego ou algo para comer,

Só tem uma solução que me consola:

Vou cortar a perna, apanhar qualquer latinha,

Tirar os sapatos, sujar a roupa inteirinha

E sair por aí loucamente à pedir esmola.

Poema dedicado aos meus irmãos desiludidos pela falta de emprego e perspectiva de vida.