Eu...
Eu
Que não sou ninguém
Te dei tudo
E fiquei sem nada
Eu
Que nunca te pedi nada
Lhe ofereci flores
E recebi uma caixa horrenda
Cheia de vazios
Escura
Maior que todas as zonas abissais
De todas as zonas
Eu
Que nunca prestei
Te emprestei meu colo
Meu afeto
Que foram devolvidos
Em pacotes de azar
Numa mesa de jogos
Com cartas expostas
O tanto que perdi?
Nem me dei conta
Quando veio a conta
Da cartada final
Eu
Que sou leiga
No quesito amor
Fiz um poema
E reguei com flor
Que criou espinhos
E me furou
Como uma roca
Que como nos contos de fada
Adormeci por 100 anos
Me senti infantil
Quando acordei já era tarde
Todos se foram
Só restou eu
Logo eu
Que não sei conviver com a solidão
Que cisma em me abraçar desesperadamente
E a querer dividir comigo
Taças de vinho
E a compartilhar doses de loucura
Logo eu
Que nunca fui sã
Sempre fui poeta.