Separação
1 A certeza
Ainda juntos, acredita-se naquela velha história:
só acontece com os outros.
Jamais, aquela pessoa que se ama,
vai te deixar.
Em momento algum
passa por nossa cabeça uma traição!
Não! Ela nunca amará alguém
com a intensidade que me ama.
É apenas mais uma crise,
mais séria que logo vai passar.
E tudo voltará ao seu inerte cotidiano.
Só que as brigas tornam-se freqüentes.
Chegam a ser diárias.
Então, vou para o sofá, só.
2 O luto
Quando chega nessa fase
não tem mais volta.
Pego meus objetos pessoais
olha todas as peças da casa,
uma por uma, cada detalhe nas paredes.
No chão, móveis...
A conclusão é sóbria e deprimente:
é a última vez que vou olhar
para esta casa como minha!
A partir desse momento
me torno um estranho neste habitat.
Fecho a porta,
coloco a chave na caixa do correio,
e vou embora.
Parece que não vou agüentar a dor no peito.
É imensa a dor da decepção.
3 O caos
Essa fase é foda.
Estou só
física e mentalmente.
Todos me esqueceram
começo a sentir a profundeza da dor,
causada pelo desamor.
A palavra caos torna-se tão intima
que é respirável por minhas vísceras.
Começa a queda vertiginosamente.
Meu orgulho e moral
curvam-se diante da situação,
e a entrega a todos os vícios é total.
4 O frenesi
Começa a corrida contra o tempo.
Agora, julgo ter perdido.
Como compensação desse tempo
tenho certeza absoluta
que conseguirei afogar rapidamente
todos os sentimentos por ela.
Momentaneamente consigo.
Muito trago, noitada, sexo, rock’nroll...
Acabo sendo engolido
por uma vida que não é minha,
e nem me dou conta!
Quando estou sóbrio,
meus sentimentos ficam tão vazios,
com medo de não mais amar ninguém.
Nem mesmo a mim.
5 A lucidez
Nesse estágio, começo a me sentir
mais sóbrio que bêbado.
Já raciocino melhor.
Julgo ser o fim de nada.
Mas apenas o começo de uma nova fase
em minha vida.
E me dar conta de que aquela pessoa tão amada,
não tem que necessariamente estar ao meu lado,
para que eu tenha bons sentimentos
por outras pessoas e coisas.
Esse é o momento da lucidez.
6 A barba feita
Agora, rompendo o casulo,
deixo de novo o sol bater em meu rosto.
Sinto-me muito bem.
Desejo conhecer alguém.
Sinto vontade de fazer a barba.
Usar uma roupa limpa e bem passada
colocar um perfume.
Esta tudo tão claro!
Respeito muito mais à primeira pessoa.
Descubro que independente de amá-la ou não,
agora eu sou mais importante!