A baixo a ladeira

A baixo a ladeira,

Rumo à orgiástica feira,

Veio ela ainda de novo

Perdida no meio do povo

Encontrar noutras cabeças

Da salvação o ovo.

Fez divinas reclamações;

As noites várias avessas

Virada nas divagações

De horas excessas

E os dias tensos

Em cálculos intensos,

Mas nenhuma pista.

Fez até mesmo uma lista.

Quanto mais procura,

Mais parece que dista

Da derradeira cura.

Esboça-a em lençóis alheios:

Cai em duvidosos meios.

Onde estará o tesouro?

O da vida sua ouro?

Senta-se no canto

E chora choro arredio.

Contempla sem espanto

Mais um anoitecer frio.

Mais um capítulo vão

Após os que já lá estão.

Assim os dias mantidos:

Recorre a anjos caídos.

Dá-lhes, com mão tremida,

Livro riscado da sua vida.

Ajeitam-se sobre sua ruína

E compõem dali sua sina.

Iago O Gazola
Enviado por Iago O Gazola em 21/09/2019
Código do texto: T6750490
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