A baixo a ladeira
A baixo a ladeira,
Rumo à orgiástica feira,
Veio ela ainda de novo
Perdida no meio do povo
Encontrar noutras cabeças
Da salvação o ovo.
Fez divinas reclamações;
As noites várias avessas
Virada nas divagações
De horas excessas
E os dias tensos
Em cálculos intensos,
Mas nenhuma pista.
Fez até mesmo uma lista.
Quanto mais procura,
Mais parece que dista
Da derradeira cura.
Esboça-a em lençóis alheios:
Cai em duvidosos meios.
Onde estará o tesouro?
O da vida sua ouro?
Senta-se no canto
E chora choro arredio.
Contempla sem espanto
Mais um anoitecer frio.
Mais um capítulo vão
Após os que já lá estão.
Assim os dias mantidos:
Recorre a anjos caídos.
Dá-lhes, com mão tremida,
Livro riscado da sua vida.
Ajeitam-se sobre sua ruína
E compõem dali sua sina.