PEQUENO DESABAFO À MEIA-NOITE E DEZ

Flores brancas na madrugada

pétalas em suave queda

sobre tuas mãos tão pálidas

de dentro das torres deste castelo

esta música invade o espaço

e somos tão frágeis em nossas

esperanças

e somos tão pobres em nossas

pequenas idiossincrasias

o relógio já deu as doze badaladas

e você ainda está aí olhando

sem nada ver

suspensa em intenções tão vagas

olhando os carros lá embaixo

suspensa na janela do décimo quinto andar...

você já ouviu dezenas de vezes a

mesma música e mesmo assim

não consegue encontrar uma forma

de fugir desta beira de precipício

e nem todos os cálices de vinho

vão aliviar esta dor pontiaguda

que se cravou em teu peito

tendo passado tantas vezes

diante da mesma porta

e tantas vezes não tendo tido

a coragem para entrar

Deus salve as travas que

te impedem de transgredir

e o diabo que permita

a você uma morte rápida

pois que se pela vida tens passado

sem estremecimentos

que tua morte não permita

o vislumbre de convulsões nunca

alcançadas.

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 30/09/2007
Reeditado em 06/04/2008
Código do texto: T674227
Classificação de conteúdo: seguro