Turvo
Não saber o que se quer pra si
É pior do que querer o improvável
Lamentável é nem querer o que se tem
Sem um norte tudo fica à deriva
Quem se priva, prova o que não convém
Sem recorte, toda a vida em esquiva
O que arquiva em memória é desdém
Tudo o que se planta colhe
Tudo o que se centra impera
Tudo o que se evita encolhe
Tudo o que escanteia espera
Toda a vida, mal vivida
Todo sonho, não risonho
Todo amor, em desamor
Não saber o que se quer pra si
É pior do que nem se querer
Não saber o que se quer enfim
Se iguala a não viver.