Não tenho mais ilusões...
Maria Antônia Canavezi Scarpa
Precisei me armar, colocar escudos
precisava estar pronta,
não seria uma guerra casual,
mas sim uma luta interna, onde tudo seria exposto,
nenhuma fenda deixaria de ser explorada
nenhuma ferida poderia ser curada
Usei a sensatez, depois de chorar um dilúvio
mas aceitei cada detalhe,
todas as perdas seriam somadas,
o resultado não poderia ser favorável para mim,
por isso nem refiz as contas,
uma luta corpo a corpo
com uma realidade bem equipada...
A minha defesa seria apenas uma formalidade
para não me entregar com covardia,
encenei falas e gestos, deveria parecer forte,
tudo havia terminado e não sobrou nada,
sem essências ou desculpas
as minhas estratégias eram presas fáceis
de serem manipuladas
O meu erro foi me achar,
achar que poderia ter e ser algo valioso;
o tempo mostrou tudo ao contrário,
revirou minhas angústias escondidas
e as expôs, de todas as formas mais cruéis
tirou de mim os meus sonhos,
nua fiquei sozinha, querendo lutar
Permaneci firme, o corpo indelével fremia
o medo se apossou das minhas entranhas,
frágil não pude me resgatar,
finda todas as esperanças, acordei para o hoje,
permaneço aqui, juntando as migalhas que restaram,
tudo ficou opaco em minha volta
já não tenho mais... ilusões