Não tenho mais ilusões...

Maria Antônia Canavezi Scarpa

Precisei me armar, colocar escudos

precisava estar pronta,

não seria uma guerra casual,

mas sim uma luta interna, onde tudo seria exposto,

nenhuma fenda deixaria de ser explorada

nenhuma ferida poderia ser curada

Usei a sensatez, depois de chorar um dilúvio

mas aceitei cada detalhe,

todas as perdas seriam somadas,

o resultado não poderia ser favorável para mim,

por isso nem refiz as contas,

uma luta corpo a corpo

com uma realidade bem equipada...

A minha defesa seria apenas uma formalidade

para não me entregar com covardia,

encenei falas e gestos, deveria parecer forte,

tudo havia terminado e não sobrou nada,

sem essências ou desculpas

as minhas estratégias eram presas fáceis

de serem manipuladas

O meu erro foi me achar,

achar que poderia ter e ser algo valioso;

o tempo mostrou tudo ao contrário,

revirou minhas angústias escondidas

e as expôs, de todas as formas mais cruéis

tirou de mim os meus sonhos,

nua fiquei sozinha, querendo lutar

Permaneci firme, o corpo indelével fremia

o medo se apossou das minhas entranhas,

frágil não pude me resgatar,

finda todas as esperanças, acordei para o hoje,

permaneço aqui, juntando as migalhas que restaram,

tudo ficou opaco em minha volta

já não tenho mais... ilusões

Tília Cheirosa
Enviado por Tília Cheirosa em 27/09/2007
Código do texto: T671367
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.