Antes do sono
Antes do sono
A insônia tira a roupa. O quadro na parede está completamente nu. Cama e corpos vazios de esperança. O chinelo deixa marcas no tapete da sala. O vento balança seus cabelos e despi o corpo.
Um gole de café...
O cheiro exala no nariz recordando manhãs coadas na hora. A noite insone ajoelha-se e beija-a. Sua vida atrás da vidraça. As cores tingem o amanhecer. Recortes amargos jaz no chão. Imagens lhe ferem a alma e os erros não sangram na palma da mão. Todos dormem e somente ela inerte acompanha os passos lentos da madrugada, o silêncio dos edifícios, o roncar das ruas, as estrelas de pijamas, a aurora sonhando ainda.
Outro gole de café...
Inútil adormecer se o amanhã será igual. Recomeçar assusta. Difícil sorrir se a boca foi ferida pela angústia. Somente o trinco poderá de alguma forma mudar sua vida. Atrás da porta... o corredor será longo. A insônia vestirá a camisola e adormecerá.
Último destino para tornar-se gente sem utopias. Engolir as verdades e recomeçar inteira sem riscos e sem testemunhas.
Uma mão acaba de abrir a porta...