MEDO DO AMANHÃ
Era tanto o medo que sentia, que de coberta me cobria,
Nem uma brecha eu deixava aberta, temendo os monstros de lá fora...
Por medo, quantas mãos eu segurei, era tanto o medo,
medo de tudo ao ponto de não sentir minhas mãos,
nem confiando em amigos ou irmãos.
Em amores perfeitos eu acreditei um dia,
me enredei nesta pérfida experiência,
Muitas fórmulas de amor amei
Muito tempo depois ciência tomei que perfeição não existia.
Noites tardias, amores fracassados muito amei
e muitos outros também decepcionei.
Já sorri enquanto o coração sangrava
como chorei de tanto rir face ao ineditismo do dia,
que por ousadia, somente a mim me enganava.
Em certa circunstância eu nada entendo, apenas sinto.
Em última instância, por medo de um dia entender e deixar de sentir, prefiro partir...
Porque quem tem medo nada faz além dos tremores e rumores.
rondando a mente.
Lembro de pavorosos momentos, ao pé do muro me situar,
Mistura de ansiedade com sentimentos sem nome, sem explicação.
Na contramão eu pensava que sabia e nada sabia.
Tinha medo de descobrir o segredo um dia.
No degredo prefiro me quedar sem frio na barriga, de pensar em desistir ou me deixar embair,
Lembro de cuidar a hora, me adiar sem me adiantar,
Medo de sentir o atraso andar com rapidez, e a intrepidez da desculpa,
Ou seja lá o que for, para ir embora no calor da decisão
e logrado me perder na escuridão.
Lembro das metas planejadas, conversas em noites tardias,
Sonhando com algo em formação que a gente batizou de futuro.
Não procuro fórmulas certas, porque não espero acertar sempre.
Nada esperem de mim, prefiro seguir a voz do coração!
Não me façam ser o que não sou e nada fui.
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras,
Porque prefiro nunca mais viver sentindo medo de nada!
Carlos Lira.