Consequências de um falso amor
Você chegou e novamente trouxe o sorriso em meus lábios.
Me deixou loucamente apaixonada e me fez acreditar que todo o amor e bondade morava em você.
A desesperança foi arrancada de mim e substituída por pura alegria. Promessas de vida nova, de sonhos novos, de carinho e cuidados. E tudo parecia um sonho mesmo. Naquele momento eu fui a mulher mais feliz desse mundo.
Um belo dia, do nada uma tempestade louca se criou e passou destruindo tudo.
Levou de mim tudo o que havia de mais puro,
Levou de mim, tudo!
Uma tempestade que passou pela minha vida causando um desastre de grandes proporções. Arrancou meu sorriso, minha alegria, minha paz. Transformou os meu sonhos em um pesadelo sagaz. Esmagou meu coração.
Descobri que amores e paixões não existem. Perdi minha autoestima, minha fé. Perdi a existência do meu próprio ego e caí num buraco profundo. Acreditei que fosse o fim do mundo.
A tempestade era você que mentiu e me subornou com falsas promessas, e ainda fez com que o meu mais puro e verdadeiro sorriso se transformasse em lágrimas sem fim.
Você cavou um buraco bem fundo e me passou uma rasteira. Esmagou meu coração e cravou uma espada em meu peito.
E eu desesperada por uma fuga dessa prisão imunda, lutei com todas as minhas forças. Até tentei fugir e tentei sobreviver. Mas pensando bem, naquele dia morri. Todas as luzes se apagaram. Todo sonho morreu junto comigo.
Eu creio! Se é que ainda consigo crer em algo, creio que tudo acabou. Não apenas tudo entre nós, que acabou com aquele seu adeus venenoso e sombrio. Acabou como se naquele momento tudo se transformasse na mais assustadora escuridão.
Estou sangrando até hoje. Sinto uma tristeza que dói como se fosse a ferida mais aberta do mundo. Na verdade nem sangro, porque com certeza morri.
Perdi meus créditos com as vida e com o mundo. Perdi a melhor versão de mim. As pessoas que antes era tão doces, mal conseguem acreditar em mim, porque nem eu mesma acredito em mais nada.
Abro meus olhos todos os dias pedindo para que seja o último dia.
Não quero mais viver porque aprendi que morrer dói menos. Digo, dói menos, porque ainda dói.
Dói tanto que nem dói. Não consigo explicar, mas dói tanto...
A doçura da minha vida agora tem um sabor salgado porque choro todas as manhãs. Todas as horas e minutos. Choro sempre!
Todos se cansaram de mim porque ninguém entende o tamanho da minha dor. Por isso finjo que não dói. Mas todos os dias quando abro os olhos, depois de poucas horas de sono me sinto sufocada, com a sensação de que o ar que entra nas minhas narinas não chegam no meu pulmão. Sinto um aperto no peito seguido de desespero e vontade de sair correndo, correndo, mesmo que nunca chegue em lugar algum.
Tenho a sensação horrível de que todas as luzes se apagaram e que agora só existe um breu sem fim.
Dizem, aquelas pessoas que cuidam dos quase mortos que o nome disso é depressão. Mas é mentira, é morte mesmo. Eu tento. Mas não posso acreditar que ainda exista uma morte pior do que essa.
Estou tão cansada, mas tão cansada que nada me traz o descanso.
Você foi o estopim que arrancou a minha vida. E não satisfeito de me deixar jogada, ferida, reapareceu e deu o golpe final e me matou de verdade!
Tão triste foi aquele dia em que você partiu.
Na verdade eu nem vi. Não estava mais ali. Já havia me trancado em um mundo que só existe dentro de mim. Em um mundo fictício em que tudo dói menos. Mas que ainda assim dói.
Não acredito em ressurreição. Estou triste, louca e morta.
Não posso viver sem você.
Neide Azevedo