Doce Desencanto
Eu vou ao cinema hoje...
Sozinho.
Vou gargalhar e pensar e chorar...
Comigo.
Beber e dançar e flertar...
Como ninguém.
Ao voltar não estarei enfim...
Tão triste.
As dores me inspiram tanto ...
A ser assim.
Espero que muitos o façam...
Iguais a mim.
E não mais tão sozinhos...
Na multidão.
A solidão também é tão densa...
Até aos mais belos.
Mas não serei argila fraca...
Que se permite moldar errada...
Pelo ruin tato apressado...
De mãos inexperientes...
Do toque desajeitado.
Sem rancor ou ódio ou mágoa...
Serei eu plenamente.
Fagulha de amor ferido...
Para outra alma cansada.
À disposição de outro erro...
Que chamarei de algo tenro...
Meu doce desencanto.
E outra vez exclamarei...
Suficiência aos quatro cantos.
De novo enganando...
Além de mim mesmo...
Ninguém eu sei.
O amor próprio requer tanto...
O combustível das decepções.
O amor próprio findará...
Nos lábios de um nada...
Com promessas de paixões.