“Outro cais”
Roma 26/05/2019
Eu vejo
Não há segredo
Certos momentos
Esperanças
Desejos
Bons Sentimentos
Assim com o tempo
Têm validade
Desfazem ao vento
Se só vêem sofrimento
Embalados com feitos
Nada verdadeiros
Mais um personagem
Nada inteiro
Assim
Por vaidade
Às vezes maldade
Estragam
Passam do ponto
Sem deixar rastros
Somem no espaço
Se perdem
No ar
Pode o trem que partiu
Não lembrar de voltar
Pode nem passar
Esquecer o caminho
Enferrujar
Nem toda terra está pronta
Nem todo rio encontra
O caminho pro mar
Sem mais demora
Já dei mais do que quantia
Era mais do que eu tinha
Esperei mais do que por dias
Eu só queria ver voar
Libertar
Perdoar
Mais
Até aguentaria
Só Deus sabe
Queria
Eu podia
Mas certas sementes
Não sou eu que vou regar
Mas ervas daninhas
Preciso podar
Chega de bancar o crente
Que crê na mudança de gente
O que nasceu para ser cilada
Minha almada
Jamais será decente
Jamais será paz
Não entre a gente
Não nessas horas
Não nesse agora
Não nessas auroras
Não sem acordar
Pra virar mar
Se quero amar
Serei amor primeiro
Me amarei por inteiro
Sem esconder meus afeitos
Meus defeitos
Desista de enganar
Não tem outro jeito
Eu vim primeiro
Eu fui primeiro
Busquei ouvir conselhos
Olhei além do espelho
Agora vejo
É único o jeito
Sou eu
Evaporar
Encontrar outro amar
E quando acordar
Te peço
Respeito
Já não estarei mais
Ao seu direito
Nem aqui
Nem acolá
A beira mar
Em paz
Em outro cais
Eu vou estar
E vai ficar tudo bem
A natureza não dá saltos
Só não deixe as escolhas
Te afastarem do Alto
E sem mais incautos
Não volte amanhã
Pra me ouvir
Te dizer
Tarde demais
Me doeu
Não ser eu
Mas não sou
Nem serei
Seu cais.