O desprezo é amargo

Maria Antônia Canavezi Scarpa

Nada é mais amargo

que uma taça de desprezo,

servida com uma pedra refrescante de esquecimento

para ajudar efervescer uma maquiada verdade,

essa sim, do caminho sem volta

onde passa a minha fiel solidão

que exala um cheiro de audácia,

quando oferecida, em uma bandeja a distância

Os olhos inquietos, querem parecer fortes

segurando as lágrimas, para que a expressão

permaneça forte com a derrota,

num ato quase impossível,

já que dentro de um peito amorfo

permanece uma alma que se debulha em prantos,

para acalmar o coração dilacerado

A ausência é um ópio que destrói

risíveis sentimentos, tecidos de meras ilusões,

que foram alimentadas com doses pequenas,

de breves esperanças e quando elas fenecem

tudo ao redor se transforma,

em um grande momento efêmero;

quando o sonho chega ao fim

Doendo, doendo, ficam-se os lábios sem sabor,

sem o calor das palavras sussurradas;

visivelmente queimados por uma louca paixão,

diluída no fel,

para ir respingando em cada pedacinho

do meu caminho, rumo ao meu destino

onde permanece a minha fiel solidão

Sensível demais, começo uma viagem sem volta

onde todos os desejos foram-se calando,

com apenas um gesto sem adeus,

simples e fatal; não pronunciou -se uma palavra,

o amargor foi a ausência e nada mais,

com uma taça ainda borbulhando cheia...

Tília Cheirosa
Enviado por Tília Cheirosa em 23/09/2007
Código do texto: T665581
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