Desmorono de um antes

Desmanchado

Em duas metades

Flutuam no rio

O sentimento que

Vivíamos ao dispor.

Não tinha nome,

Era melhor assim.

Estragaria se não houvesse

Um mistério por trás

De sua origem

E de nossa dependência

Física e emocional

Para cada segundo sem.

Por agora, interrompido

E calado permanece,

Silenciado quando mais

Queria nos mostrar

As coisas além das palavras

Usadas para descrever

Aquela nova maneira de viver.

Enquanto mergulho

Nas consequências

De tê-lo desperdiçado,

Afogo às velhas

Aflições familiares

Que punem minha

Típica mente imutável.

Crescem para serem

Cultivadas as memórias,

O valor fora percebido

Quando mais estava

Fora do alcance e

Enterrado nas cinzas.

Vagando em dias

Passados e esquecidos

De céu avelã e

Mar da cor das chamas,

A natureza ainda

Murmura e suspira

Em dias em que

Cruelmente censura o Sol.

Apenas até o tempo

Soprar o restante

Das brasas e deixar

Com que o vento

Dê às sobras

O mesmo destino

Das folhas de outono.

Da melodia ouvida

No bater dos tambores

E as pontas dos dedos

Que deslizavam por

Cordas finas d’álma,

Soando internamente

A música que tocava

Para a exploração

Da descoberta inesperada.

Quando demos a nós mesmos

Asas para voar mais alto

Na gaiola que a nós mesmos

Construímos e reforçamos

Como maneira de privação

Para a liberdade que temíamos.

Deleite ao que se pode

Extrair de doce,

Amargo ou azedo

Das coisas que

Perderam o gosto

E a graça conforme

Os dias se apressam.

Ausência e carência

Tomam posse da poesia,

Escrevem seus próprios versos

E criam suas próprias

Metáforas enquanto

Observo encolhido

E, de certa forma, maravilhado

Com o que puderam expressar.

Desmorono ao afastar-me

De teu centro intangível,

Cavo até escapar de

Todas essas camadas

E expulsar-me de ti.

Sua imagem peculiar

Parece aproveitar a dor,

É invejável assim

Como é intolerável.

Almejadas, imploradas

Continua sendo

As efemeridades

Que duram para sempre

Nas lembranças incondicionais

Na agora escassa e rara

Ilusão de amar.

Daniel Yukon
Enviado por Daniel Yukon em 24/05/2019
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