Do Outro Lado Da Calçada

Do outro lado da calçada

Sem espaço para os carros

Sem cartela de cigarros

Essa é a minha jogada

Voz rouca de gritos esporádicos

Cordas vocais que sangram

Tremulam sob os ventos cálidos

Enquanto evocam os que amam

Agora eu sou o carma

Essa é a minha arma

O cantor que nunca teve voz

É castigado por seu ego e algoz

Jorram pérolas de gêiseres

Voam pássaros sem penas

Eu e você somos apenas dois seres

Dignos de roubarmos todas as cenas

Na solidão negra de seus pensamentos

Vejo-me enfraquecido

Perdido em versos de sofrimento

Sentindo-me incapaz de ter nascido

Um humano sem joias em seus anéis

Uma mente que vaga entre motéis

No suplício de querer ser e sentir

Engulo pílulas que me fazem sorrir

Vejo meu fracasso em sua boca

Isso me faz chorar

Minha rouquidão é uma parede oca

Que qualquer vento pode derrubar...

(Guilherme Henrique)

PássaroAzul
Enviado por PássaroAzul em 08/04/2019
Código do texto: T6618597
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