Do Outro Lado Da Calçada
Do outro lado da calçada
Sem espaço para os carros
Sem cartela de cigarros
Essa é a minha jogada
Voz rouca de gritos esporádicos
Cordas vocais que sangram
Tremulam sob os ventos cálidos
Enquanto evocam os que amam
Agora eu sou o carma
Essa é a minha arma
O cantor que nunca teve voz
É castigado por seu ego e algoz
Jorram pérolas de gêiseres
Voam pássaros sem penas
Eu e você somos apenas dois seres
Dignos de roubarmos todas as cenas
Na solidão negra de seus pensamentos
Vejo-me enfraquecido
Perdido em versos de sofrimento
Sentindo-me incapaz de ter nascido
Um humano sem joias em seus anéis
Uma mente que vaga entre motéis
No suplício de querer ser e sentir
Engulo pílulas que me fazem sorrir
Vejo meu fracasso em sua boca
Isso me faz chorar
Minha rouquidão é uma parede oca
Que qualquer vento pode derrubar...
(Guilherme Henrique)