ELA DISSE: A VIDA É UMA MERDA!

Ela disse que está triste.
Ela não tem nem força
para chorar.
Ela está sentada na
lan house
a digitar
sua triste história.

Ela confessou que não crê.
Ela se sentiu bem em dizer
que não tem fé
nesse Deus judaico-cristão,
tão opressor.
Ela nem sabe o que diz.

Repete discursos,
grita
slogans,
vomita idéias infantis.
Ela tem dezoito anos
e se comporta
como uma velha ranzinza.

Ela não enxerga as cores:
para ela é tudo cinza.

Ela disse que a vida é uma merda.
No alto de seus dezoito anos,
ela só vê as dores da terra.
Coitada dela!
Coitada!
Como sofre...

Papai disse que ela
não vai poder ir
para a
rave.
Papai disse que vai
suspender a mesada.

A vida é uma merda!
Ela disse.
E forjou um choro
em forma de poemeto.

Ela pensou:
acabei de revolucionar a poesia.

Mas ela nem sabe o que é fome.
Nem tristeza, ela sabe o que é.
Está presa na grande sabedoria
que todo jovem
aos dezoito anos
acha que tem...