POESIA SUFOCADA POR TRAVESSEIRO CANSADA NEM TENTA SUICÍDIO
Tá na moda dizer mais com menos,
admiro quem consiga.
Mas quando leio o nada que se diz
pergunto se o vazio entre as palavras conta.
Esse vazio incomoda.
É raso onde se afoga.
A falta de tempo é a demanda
ou preguiça de quem escreve?
De qualquer modo estamos chapados.
Uns de álcool outros de Rivotril.
Os alucinados bebem notícia ruim
como se fosse refrigerante gelado.
A manchete dos jornais é clara: poesia sufocada
por travesseiro está cansada, nem tenta suicídio.
A minha poesia pede que a mate,
talvez eu estrangule um poema.
Essa realidade larga e lenta
deixa tudo
tranquilamente incomodado.
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Baltazar Gonçalves