MURCHO DESENCANTO
Meu poema hoje anda pelos cantos
Ruminando ânsias meio entorpecidas
Mais suspiro que riso, mais tédio que espanto,
Preguiça por pensar nas horas mal dormidas.
Meu poema hoje, mandinga, quebranto:
Terei deixado minhas fronteiras desguarnecidas?
Linhas que se espicham em léguas de desencanto,
Mais compridas do que as dívidas da vida.
Meu poema hoje nem sequer é pranto
Nem sequer apetece doses de bebida
Nada amortece, nada entedia tanto
Quanto esta lombeira pra enfrentar a lida
Mais suspiro que riso, mais tédio que espanto
Murcho desencanto até dos sabores da vida.