(des)criação
constante súplica silenciada
já não se pode gritar
falta voz eco fôlego palavras
e um omisso ouvinte.
ásperos dedos sutilmente
desmancham o patético
clarão que faz surgir
um novo dia de glória.
infindo coro de angústia
criação amaldiçoada
desde o precipício
até sua fatalidade.
longínquo sopro exausto
desmaterializa o corrompido
ignorando sutilmente
que também é obra sua.
arrancados de suas órbitas
incompreensível é o fim
não enxergar o fogo que consome
esta é a maior misericórdia.
sustentando a indecisão
com firmes oscilações
os punhos se fecham
rigorosamente.
o imóvel desespero
latente pulsante estático
encerra em segundos
de aflição esmagadora.
condenado à eternidade
descansa com os erros
amanhã ele brinca
de criar outra humanidade.