(des)criação

constante súplica silenciada

já não se pode gritar

falta voz eco fôlego palavras

e um omisso ouvinte.

ásperos dedos sutilmente

desmancham o patético

clarão que faz surgir

um novo dia de glória.

infindo coro de angústia

criação amaldiçoada

desde o precipício

até sua fatalidade.

longínquo sopro exausto

desmaterializa o corrompido

ignorando sutilmente

que também é obra sua.

arrancados de suas órbitas

incompreensível é o fim

não enxergar o fogo que consome

esta é a maior misericórdia.

sustentando a indecisão

com firmes oscilações

os punhos se fecham

rigorosamente.

o imóvel desespero

latente pulsante estático

encerra em segundos

de aflição esmagadora.

condenado à eternidade

descansa com os erros

amanhã ele brinca

de criar outra humanidade.

Nicoly Diniz
Enviado por Nicoly Diniz em 10/01/2019
Reeditado em 20/06/2020
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