E por falar em saudade...
Uma saudade diferente
De quando a gente era mais gente
E falava sem hesitar
Porque podíamos confiar
(Nisto eu preciso acreditar...)
Saudade de uma você
Que talvez nunca tenha existido
Que minha mente tenha criado
Entre um arrumar de casa
E um torcer de pano molhado
Uma você mais sensível
Que soubesse guardar segredos
Que acreditasse no amor e na amizade
E sem medo de expor seus medos
Uma você mais curiosa
Que perguntasse o porquê
Que quisesse entender
Muito mais que deduzir
Supor ou adivinhar
E uma saudade de um eu
Mais sociável, menos misantropo
Menos exato, mais Esopo
Um pedaço de mim que morreu
Saudade de um eu
Que perdoava mais facilmente
E que não colecionava rancor
E ainda acreditava em amizade e amor
Saudade de quando a vida
Era menos vitrine e comparações
Quando os olhares eram de crianças
E os sorrisos, e os corações
Oráculos e prognósticos
Aldravias e acrósticos
Dizem que tudo vai mudar
E que venha um ano melhor
(Nisto eu preciso acreditar)