LÁGRIMAS DESFEITAS

Rolam ondas na minha praia, desfeitas,

Com as minhas lágrimas tão salgadas,

Que se diluíram nas águas prateadas.

E deixaram o meu sabor sem receitas.

Receitas do meu viver, que guardarei

Para memória futura do que passei,

Sonhos muitos, belos e irrealizados,

De amores anónimos, inconfessados.

Inconfessados todos meus pecados,

Por serem inocentes e imprevisíveis,

Não deixaram de ser assim terríveis,

Deixando-me desfeito em bocados.

Bocados que não tinham qualidade,

Provinham da mais pura realidade,

Vida que me consumiu de repente,

E se tornou deste modo repelente.

Repelente é a vida que vivemos,

Contra a nossa vontade própria,

Por ter sido sem nós querermos,

E que torna a vida menos sóbria.

Ruy Serrano - 22.12.2018

Ruy Serrano
Enviado por Ruy Serrano em 21/12/2018
Reeditado em 21/12/2018
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